Bem-Estar, Destaque, Sustentabilidade
Agenda 2030: “Ciência e saúde”; testagem e decisões
Por Claudia Girotti | Publicado em 14 de abril de 2020
"Escute a ciência" é o que temos ouvido muito ultimamente sobre o caminho que devemos tomar para chegarmos com mais precisão na melhor direção a seguir.
E o que é ciência? Será que escutamos a ciência quando nós preferimos as respostas convenientes e rápidas e, em troca, estamos dispostos a abrir mãos da acuracidade dessas respostas?
CIÊNCIA é processo de pesquisa, formulação de perguntas e testagem antes de se chegar a conclusões sobre possibilidades combinadas com probabilidades. Nada é absoluto.
E foi sobre ciência e testagem que conversamos com a médica e PhD Lia Roque Assumpção, Professora de Cirurgia da UERJ , para nos ajudar a entender melhor sobre fatos e premissas que determinam a aplicação dos testes do vírus Covid-19.
"Agora, em 13/04/2020, o que fundamentalmente determina a aplicação dos testes é a quantidade que o sistema de saúde tem disponível e que é limitada, ou seja, há de se fazer escolha em quem e quando testar para minimizar o contágio de outros pacientes e gerar dados de maior qualidade sobre o contágio da nossa população."
A Dra. nos explica que há 2 tipos de testes, cada qual com suas especificidades:
- PCR: identifica a presença do vírus e confirmar a doença como Covid-19, aplicado em pessoas com sintomas agudos típicos.
- Teste sorológico - contagem do igG: identifica a presença de anticorpos do vírus e também determina a imunidade adquirida naqueles que tiveram contato com o Covid-19 e não apresentaram os sintomas porque conseguiram desenvolver resposta imunológica. Aplicados em pacientes para determinar a recuperação da doença (soroconversão).
Em ambos os casos, existe o problema da sensibilidade e especificidade dos testes. Qualidades inerentes a cada teste e que vão variar de acordo com o horizonte temporal em que ele é aplicado após os inícios dos sintomas. Os testes podem por exemplo dar falso negativo, ou seja, o resultado dá negativo, mas o paciente ser positivo.
O que a Dra. Roque Assumpção nos alerta e reforça em sua explicação é que a ciência vive de fazer perguntas ANTES de concluir respostas. E que baixar os critérios de avaliação para termos respostas mais rápidas é o oposto do que é ciência.
Caminhos estão sendo estudados e todos temos o mesmo objetivo: vencer a doença pelas conquistas científicas dentro das metodologias de pesquisa acuradas.
Importante termos cuidado com as informações que ouvimos, é preciso discernimento para entender que os médicos precisam coletar e interpretar os dados, antes de afirmar respostas. E que as respostas sempre estarão dentro de um espectro de resultados, logo, não devem ser interpretadas como absolutas. A ciência publicada tem de ser translacionada para realidade onde se vai aplicar aquele conhecimento gerado.
Para escutar a ciência é preciso entender que não adianta ir rápido na direção errada. Só assim garantimos a qualidade dos serviços de saúde à população, assegurados por métodos científicos validados e pelas melhores práticas médicas, como determina o Objetivo 3, Saúde e Bem-estar, da Agenda Global 2030.
E hoje somos nós que também devemos oferecer ao Rio: sermos cautelosos com as informações e transitarmos o mínimo possível.
Nossa Agenda é a Agenda Carioca pelos objetivos da Agenda Global 2030.