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Portugal é logo ali: Gruta de Santo Antônio é o eleito do público e dos chefs

Por Mariana Broitman | Publicado em 20 de abril de 2016

É comum ler por aqui sobre casas premiadas, mas no caso da Gruta de Santo Antônio, o adjetivo em questão vai além. Além de colecionar honrarias do jornal O Globo e revista Veja Rio, a cozinha portuguesa de Niterói acaba de ser eleita pelo público do Trip Advisor como o segundo melhor restaurante do Brasil. E não para por aí. Carrega outro endosso precioso: é endereço queridinho de chefs como Ricardo Lapeyre, da Brasserie Lapeyre, Paolo Lavezzini, do Fasano Al Mare, e Claude Troisgros. Este último, um dos primeiros clientes gourmands da casa, que até hoje não poupa elogios quando faz uma visita: “O melhor bacalhau da minha vida", se repete no instagram. Ou seja, aval do público, dos críticos e da turma que entende quando o assunto é gastronomia. Logo depois de cruzar a Ponte Rio-Niterói, na região chamada Ponta D'Areia, fica a casa comandada pela portuguesa Henriqueta Henriques, que resiste desde 1977 sem deixar a peteca cair, servindo mais de uma tonelada por mês do peixe salgado entre outros frutos do mar. É a proximidade do famoso Mercado de Peixe da cidade, aliás, que garante um dos diferenciais: matéria prima sempre fresca! Pelas paredes da Gruta portuguesa, fotos e outras lembranças marcam a história da família, que começou do lado de cá do Atlântico. [caption id="attachment_7163" align="alignnone" width="680"]gruta de santo antonio Mariana Broitman, Mateus Habib, Dona Henriqueta e Alexandre Henriques[/caption] A Gruta celebra o Santo de devoção de Henriqueta, que a acompanha desde a decisiva chegada no Brasil em 1968, onde iniciava um capítulo novo de sua história. Deixou para trás um amor mau curado, formou uma nova família. E a expertise como costureira também logo foi substituída pela da cozinha. Ela, que cresceu entre cozinheiras de mão cheia na região dos Montes de Alcobaça e depois em Lisboa, só se deparou mesmo com o próprio talento quando perdeu o marido Agostinho e precisou tomar frente de tudo. História linda que rendeu o livro Cozinhar é preciso, onde a própria conta detalhes desta jornada com a ajuda da jornalista Sandra Moreyra, que entre os relatos, tratou de reunir receitas clássicas e autorais divididas pelas fases determinantes da vida de dona Henriqueta. E veja só, até ele rendeu prêmios a Gruta: sagrou-se vencedor do Gourmand World Cookbook nas categorias Best First Cookbook Best Woman Chef Cookbook. Até hoje, a chef está a frente de receitas executadas à perfeição, mas o especial mesmo da Gruta, é que além dos clássicos, como o Bacalhau à Lagareira com batatas ao murro, a versão à portuguesa e a Espiritual, a cozinha ganhou ares contemporâneos desde que o chef Alexandre Henriques, filho da anfitriã, entrou em cena. Entre os mais celebrados está o incrível bolinho de bacalhau recheado com queijo Serra da Estrela, junto do pastel de bacalhau, cuja massa desmancha na boca. Já na entrada me rendi a uma série de imperdíveis, e o destaque absoluto foi para a explosão de sabores dos camarões à Bulhão Pato, releitura à moda Henriques do prato português preparado com ameijoas. Entre os principais, é preciso força para resistir aos clássicos, mas não deixe de conferir o Bacalhau do chef. Nesse, o peixe é cozido em fogo baixinho na própria gordura, e chega à mesa desmanchando ao toque do garfo. Uma obra prima! "Cheguei nele de tanto cozinhar bacalhau. O prato é simples", garante o chef. Se é simples eu não sei, mas já tem um fã de carteirinha: o chef do Lasai Rafael Costa e Silva, recém-eleito um dos top 50 da América Latina. gruta 2 O cardápio extenso ainda rendeu a opção de degustação nos almoços de segunda a sábado conduzido pessoalmente por Alexandre. Nela, o visitante pode mergulhar em uma seleção cheia de afeto, onde cada prato é coroado com a sua história e detalhes dos bastidores, tornando a experiência uma verdadeira viagem. E diga-se de passagem, termina com o trio "pijaminha": pastel de Nata, rocambole de laranja e toucinho do céu, que se encarregam de deixar o pulinho rápido à Portugal mais doce. Além da cozinha, Alexandre, amante declarado do mundo dos vinhos, também assume a notável adega climatizada, com direito à mesa de degustação e tudo. O destaque, é claro, vai para os rótulos da terrinha. Espere encontrar safras antigas de mitos da vinicultura portuguesa como o Barca Velha, da Casa Ferreirinha, e outras pérolas do Douro, Dão e Alentejo, além de uma boa oferta de Portos. (por MARIANA BROITMAN e MATEUS HABIB) 

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