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Cheio de histórias para contar, Bukowski tem noite especial para o Dia do Rock
Por Alessandra Carneiro | Publicado em 13 de julho de 2018

Da primeira casa que abriu, há quase 21 anos, apenas o gerente Eduardo Mazzei permanece o mesmo. Aliás, minto, a essência rock n'roll nunca mudou. Assim como o nome: Bar Bukowski. Desde então, foram quatro mudanças de endereço, caras novas na clientela, presenças ilustres - como a do guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards, e a do baterista Marky Ramone -, cardápio mais incrementado, mudanças no staff e muitas, mas muitas histórias para contar. Durante as duas últimas décadas, o Buko - como é chamado pelos mais íntimos - viu diversas casas de rock abrirem e fecharem as portas, mas segue firme e promete não perder a jovialidade nos anos que estão por vir. O sonho, que hoje já é uma ideia, é se expandir além das fronteiras cariocas. "Namoramos cidades com um circuito roqueiro forte, como São Paulo, Porto Alegre e Brasília mas, por enquanto, é só um flerte", admite Priscilla Mulatinho, gerente de marketing da casa.
Hoje, no dia Mundial do Rock, os cariocas têm um motivo e um lugar para celebrar. Mas qual o segredo da casa para se manter em voga mesmo com a explosão de ritmos como sertanejo universitário e funk? "Nunca abrir mão do rock. Não fazemos concessão na trilha sonora. Em hipótese alguma", diz Priscilla, que conta que até já devolveram o dinheiro da entrada de um grupo que insistia para tocar funk. "Certa vez, uma cliente disse que deveriam tocar o que ela queria, pois era seu aniversário e tinha levado um grupo de 50 pessoas para o local. Mesmo com o prejuízo, um dos sócios da casa, Pedro Berwanger, devolveu o dinheiro de todos e ainda pagou o táxi da aniversariante".
O clima rock n'roll
também ajudou bastante os primeiros anos do Bukowski. Como dizia o poeta, "se vai tentar, siga em frente. Senão, nem comece". E com esse mote a casa nunca se deixou abalar pelas dificuldades. Por exemplo: quando o estoque de bebida ainda não era grande, os donos tinham um acordo com o vigia noturno do posto de gasolina na esquina. Eles pegavam as cervejas de lá e só pagavam as que eram vendidas no bar. O resto, devolviam no fim da noite.
Há, também, frequentadores folclóricos, como a menina que sempre ia dançar na pista ouvindo um iPod, o papai Noel doidão que enchia o saco...das pessoas e o irlandês voador. Sim, um irlandês voador. Se dizem que "um bom poeta pode fazer uma alma despedaçada voar', o turista levou o lema a sério e resolveu escalar uma árvore da casa, em 2006, e saltar para o vazio. Resultado: destruiu o toldo do bar e quase acabou com a festa.