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Desconstruindo o que você pensa sobre doces veganos: conheça a Conflor
Por Antonia Leite Barbosa | Publicado em 24 de outubro de 2018
O endereço tem um nome curioso: Rua Ererê 11. O programa era um pouquinho diferente do meu habitual: uma confeitaria e café veganos. A primeira impressão certeira: parece que escapuli por um momento da selva de pedra carioca e entrei em um adorável espaço de cidade de interior, com pessoas muito simpáticas e uma vitrine de doces que eu poderia admirar por muito tempo. Vou te contar agora sobre a Conflor! O empreendimento foi pensado pelas sócias Luisa Mendonça - também responsável pela cozinha e confeiteira do espaço - e Laura Izidoro. O nome pode te soar familiar: a Conflor já tem tradição fazendo bolos, tortas e doces finos personalizados e por encomenda para festas e casamentos. Agora resolveram abrir seu primeiro espaço físico. A semelhança entre os dois empreendimentos: tudo é vegano. Em suas doces criações nada de ovo, leite de vaca, mel, manteiga, doce de leite tradicional ou qualquer ingrediente de origem animal. As substituições são criativas e, depois de muito provar, garanto: não perdem em nada para os docinhos tradicionais. As sócias explicam que o espaço da Conflor quer incentivar o veganismo como um estilo de vida e modo de pensar. Ambas, veganas é claro, não pretendem pregar seus hábitos alimentares para ninguém, mas também buscam desmistificar a ideia (errada!) de que comida vegana é sem graça, insossa e sem gosto. A procedência de todos os alimentos é verificada à risca: cruelty-free, sem qualquer exploração e uso de ingredientes animais e os industrializados estão fora. É tudo minuciosamente caseiro! Os leites de castanha, coco e derivados são produzidos na casa. Os bolos são batidos à mão - o que confere uma maciez e leveza que só experimentando. Provei três doces e é difícil escolher o preferido: uma torta de chocolate sem glúten feita com leite de coco com um recheio muuuito cremoso e base crocante de amendoim (foto destaque); um perfumado bolo de laranja com ganache de chocolate; e um refrescante bolo de abacaxi com coco (foto ao lado). Além de deliciosas, as fornadas saem diariamente pelas mãos da Luisa e de sua ajudante na cozinha, a venezuelana Maciel Figueira, refugiada que está há quatro meses no Brasil e encontrou na Conflor sua primeira oportunidade de emprego e recomeço de vida. A busca aqui é pela qualidade nos ingredientes, na elaboração e na apresentação dos doces. Nada é feito em larga escala e o sabor fresquinho fica evidente desde a primeira mordida. E como falei lá no início que o espaço é um charme à parte, vou te contar o porquê. Além de café e confeitaria, a Conflor também é uma boutique de flor, colocando à venda as plantas e flores que decoram o ambiente. Lindas gravuras pintadas à mão e quadros de metais também enfeitam o espaço e são criações de artistas independentes e amigos das sócias de suas participações em feiras como o Coletivo Primavera e o Circuito Interno da Bhering. O passeio é imperdível: a Conflor fica naquela rua de nome engraçado no Cosme Velho, bem em frente à Praça São Judas Tadeu (do lado da entrada para o trem que leva ao Corcovado). Ambiente calmo, vinhozinho na mesa, uma vitrola te embalando com agradáveis músicas (tem mesmo uma vitrola!) e um doce delicioso para arrematar o programa. Quem não adoraria?