(Colaborou Ana Luiza Mader)
Mais do que flores e parabéns, queremos respeito, igualdade e poder ver, cada vez mais, mulheres que nos inspiram com suas histórias e vitórias. Por isso, hoje, no Dia Internacional das Mulheres, selecionamos algumas garotas que mandam muito bem dentro das seis seções que a Agenda Carioca cobre: Arte & Cultura, Comer & Beber, Estilo, Bem Estar, Carioquices e Agendinha. São mulheres com lindas histórias de vida e muita garra para continuar crescendo no ramo. Vamos juntas?
ARTE E CULTURA
Sabrina Fidalgo é uma cineasta carioca que estampou seu nome com muita determinação na cena do cinema independente. Após um tempo na Alemanha estudando, lançou seu primeiro trabalho em 2006, o curta S
onar - Special Report. De lá para cá, lançou seis outros e um média-metragem, além de receber o prêmio especial do juri no BAFF - Bahia Afro Film Festival com a obra
Black Berlim. De volta ao Brasil, abriu com sua mãe uma produtora, a
Fidalgo Produções, e passou a ter as rédeas da sua carreira. Em 2016 lançou seu trabalho mais premiado. O curta
Rainha levou os prêmios de melhor atriz, melhor ator co-adjuvante, melhor figurino e melhor som no
Festival Ver e Fazer Filmes. No mesmo ano, também ganhou o prêmio de melhor filme pelo Júri Popular da competição do
Panorama Carioca do Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro - Curta Cinema e, ano passado, recebeu o prêmio de melhor filme do
8º Festival de Cinema Independente Civifilmes de São Paulo. Conquistando cada vez mais seu espaço, Sabrina ressalta a importância de ser quem é em um meio ainda dominado por homens brancos e ricos. "O cinema no Brasil ainda é muito fechado e elitista. Não cheguei a uma posição de privilégio na indústria, o cenário para meus trabalhos ainda é periférico. Mas conquistei meu espaço". Seus filmes são sempre recheados de personagens diversificados e representativos. "Acho isso importantíssimo. Sempre que penso nas histórias, penso em personagens com a cara do Brasil. Negros, mulheres, gays, trans, indígenas... todos têm seu lugar. O audiovisual ainda é tomado por um eurocentrismo que não representa a face do nosso país de fato. Por isso, o cinema brasileiro ainda é tão negligenciado em âmbito mundial. Quando a gente começar a representar nas telas o Brasil do jeito que ele realmente é, as coisas vão mudar nesse sentido".
(Foto: Rafael Fernandes)
COMER E BEBER
Jessica Sanchez nasceu em São Caetano, no ABC Paulista, mas encontrou no Rio o lugar ideal para suas criações. Criada na religião mórmon, em que a bebida alcóolica não é bem-vinda, a mixologista enfrentou, no início, a desconfiança da família para seguir no ramo. "Eu estudei teologia na adolescência e passei a ter uma visão mais racional das religiões. De início, minha família não levava a sério minha profissão, achavam que era algo de momento ou um hobby. Mas sempre tiveram confiança em mim e, quando viram que era minha paixão, me apoiaram". Quando se mudou para a cidade em 2013, a mixologista começou a se destacar atrás do balcão do
Meza Bar. Foi quando começou sua coleção de prêmios. No mesmo ano, foi eleita a melhor bartender do Rio de Janeiro pelo World Class, e melhor bartender do Brasil pelo Cocktail Journey Diageo e também pela Grey Goose Vive la Revolución. Em 2014, foi escolhida como a melhor da sua profissão da América do Sul e ficou entre as dez mais do mundo. Em seu tempo pela cidade, já assumiu a gerência dos bares do
Hotel Belmond Copacabana Palace e, hoje, além do
Vizinho Gastrobar, Jessica assina a carta de drinques das onze casas do
Vogue Gourmet, além de ser consultora de diversos bares e restaurantes. Ufa! Cansou? Ela não. Quer mais. E lida com bom humor com todos os percalços da profissão, garantindo que a calma e o bom senso são os melhores aliados para lidar com alguém que bebeu mais do que devia e pode se tornar importuno na noite. E, acima de tudo, acha que as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço na profissão. "Hoje o cenário é outro e os lugares estão se preocupando em dar mais espaço para mulheres atrás do balcão, em ter mais diversidade".
ESTILO
Carla Lemos criou o
Modices há quase 11 anos, um blog que surgiu com o objetivo de falar da moda que não se via por aí, voltado para uma galera ligada em estilo, mas que não se identificava com os padrões das revistas. Com um espaço aberto para a diversidade e sem “mais do mesmo”, o
Modices foi crescendo e se tornou um dos blogs de moda mais influentes do Brasil, provando que beleza se fortalece com cultura, representatividade e sustentabilidade. “Vivemos um momento em que cada vez mais pessoas estão na mesma frequência da gente, entendendo que se ela não se encaixa no padrão o problema não é dela, é do sistema”, diz consciente de que, apesar dos avanços nos últimos tempos, ainda há muita estrada para percorrer. “Acabo de voltar da NY Fashion Week e é inegável que, hoje, vemos muito mais belezas diferentes nos desfiles; porém, o padrão dos corpos mudou muito pouco”. Além da dedicação ao Modices que hoje, mais do que um site, é um coletivo com vários projetos, Carla Lemos lança no segundo semestre um guia de estilo da nova era da moda. Afinal, como ela se mesma se define, “pode me soltar em qualquer parada que eu
tô em casa”.
BEM ESTAR
Luiza Bittencourt vivia estressada e com a vida atribulada. E, cercada de remédios e com a saúde em risco, percebeu que era hora de mudar. Foi assim que a advogada largou o Direito para se tornar instrutora e CEO do programa
Mindfulness Awakening, baseado na prática de atenção plena. Seu trabalho consiste em propor uma relação nova com o que acontece dentro e ao redor de nós, de uma maneira mais gentil, consciente e aberta. Praticante de práticas formais e informais de consciência do momento presente, sua história nem sempre foi
atenta e equilibrada. "Desde os meus 12 anos tenho enxaqueca, gastrite, convulsões nervosas e crises de ansiedade". Antes de se encontrar e se perceber no
Mindfulness, Luiza tinha horários instáveis e carga de trabalho intensa e, frequentemente, se sentia sobrecarregada e angustiada. Após ser convidada por uma amiga para participar de um
workshop de meditação, soube que sua vida havia mudado para sempre. Se formou no
Mindfulness Trainings International -
MTI - com o Lama Jangchub Reid
, da Nova Zelândia, e seu semblante mudou, como afirmaram os amigos e ela própria. Luiza abandonou os remédios que sempre tomava para dormir e se acalmar e passou a usar a respiração - o remédio natural do nosso corpo. Ao optar por um novo caminho profissional, ela também sentiu a necessidade de difundir seu conhecimento, criando sua empresa de
Mindfulness Awakening. Hoje dá aulas para firmas e grupos, ajudando a reduzir o estresse, melhorar ambientes de trabalho, produtividade, foco e empatia das pessoas. "Quero que todos tenham a oportunidade de viver com mais qualidade, porque eu mudei junto com a minha saúde, meus relacionamentos com as pessoas e comigo mesma, além da minha forma de encarar a vida".
CARIOQUICES
Ticiana Porto sempre teve a fotografia como hobby. Ainda na era analógica, descobriu a paixão de imortalizar suas viagens em imagens que eram verdadeiros diários de bordo. Mas foi só em 2010, com seu primeiro iPhone, que seus álbuns se tornaram públicos. “Fiquei sabendo que havia um tal aplicativo chamado Instagram. Era o único espaço que reunia uma comunidade em todo mundo, cuja moeda de troca era a fotografia”. Com uma formação fotográfica despretensiosa, mas com muita paixão, Ticiana foi uma das pioneiras no Brasil a levar o Instagram a sério, deixando de lado a ideia de álbum pessoal para focar em uma narrativa que poderia interessar a qualquer pessoa de todos os cantos do mundo. Sua inspiração? O Rio de Janeiro. “Passei a fotografar pontos acessíveis da cidade, mas sempre extraindo dali uma particularidade, algo que cativasse ou fizesse o observador sentir a mesma energia que eu tive no momento”. A resposta foi rápida. Em poucos meses, sua conta atingiu 5 mil seguidores e, logo em seguida, publicou um livro que juntava seus melhores cliques, “Ventura”. Hoje, sua conta @ticianaporto atinge mais de 270 mil fãs. “Sempre tive esse encantamento com a cidade: seja o contraste harmônico entre arquitetura arrojada e o casario antigo; seja no desenho dos morros”. Mesmo após oito anos e com todas as mazelas que a cidade enfrenta, o Rio não a cansa de inspirar. “O carioca merece sorrir de novo! Enquanto isso, sigo fotografando a cidade e não me canso de suas belezas”.
AGENDINHA
Fernanda Paraguassu é jornalista há quase 20 anos e se tornou escritora por acaso. Seu primeiro livro, o guia "
Buenos Aires com crianças – aventurinhas na terra do dulce de leche", da Pulp Edições, foi inspirado pelas viagens em família com os dois filhos, Gabriel e Manuela. Este ano, mais um lançamento aborda o mundo infantil. O livro
"A menina que abraça o vento", da Editora Voo, surgiu durante uma pesquisa sobre refugiadas no Rio de Janeiro. “Eu queria conhecer a história de mulheres que também entravam numa cultura diferente, mas que recomeçavam a vida numa situação de grande vulnerabilidade”, explica Fernanda, que já viveu em Jerusalém. Um dia, observando um grupo de meninas da República Democrática do Congo brincando no canto do pátio da casa da Cáritas-RJ - instituição que acolhe refugiados no Rio -, Fernanda viu uma garotinha que a emocionou e foi a inspiração para o novo livro. “A forma como ela lidava com a falta do pai, que teve de ficar para trás, foi uma demonstração de força incrível. Eu tinha nas mãos uma história singela, que abriga dor e tristeza, mas que também abre uma janela para falar de como superar momentos difíceis”. O resultado? Um livro que desperta um olhar curioso e sensível para receber quem está chegando no nosso país e promover a empatia e o acolhimento.