Comer & Beber
Levante: uma cozinha com a cara do Circo Voador
Por Antonia Leite Barbosa | Publicado em 17 de junho de 2016

Show no Circo na agenda? Faça um favor a si mesmo: chegue cedo e, antes de pagar pelas cervejas - ou pela Catuaba, yes! -, permita-se dar uma olhada no cardápio. A princípio, é de se desconfiar quando uma casa de shows decide se aventurar entre hambúrgueres, milk shakes ou sobremesas elaboradas como um tiramisu de doce de leite, mas vai por mim: o Circo não está para brincadeira! "A gastronomia vem tomando consistência na cena carioca, no país, no mundo... Uma casa de vanguarda como o Circo, não podia ficar fora desta movimento que é cultural. Comida importa, assim como música, como cinema", explica o chef Thiago Flores, conhecido dos foodies cariocas pelo período no sofisticado restaurante da Casa Julieta de Serpa, e agora encarregado de dar cara à cozinha da lona. Aliás, não só pelo Paris. O chef traz no currículo cozinhas estreladas. Já da faculdade em Buenos Aires, voou com o chef argentino Mauro Colagreco para o Mirazur, na Côte d'Azur, e de lá vieram experiências no paulistano D.O.M. e no El Celler de Can Roca, da Catalunha, eleito o melhor restaurante do mundo, em 2013. "Mas eu sou todo tatuado, nasci em Santa Teresa, cresci na Glória, precisava de algo que tivesse a minha cara", brinca.
UM LEVANTE GASTRONÔMICO
A ideia do Levante, como foi chamado o novo bar, é ser um multiplicador, conectando música e comida, mas respeitando o principal bem do espaço: o público! Preço acessível é compromisso, mas se tratando de um chef com a experiência de Thiago, não dá para esperar economias quando o assunto é a matéria prima. "Criamos o Cheddar McMelt de verdade, aquilo que o sanduba que a galera tanto ama seria se fosse feito com carinho, com ingredientes artesanais", brinca. O carro-chefe em questão é o Lev'Cheddar, um burgaço de 150g de um blend que ainda está em teste - mas o chef antecipa que o combo fraldinha & acém até então é o preferido - com muito cheddar e cebola grelhada no shoyu servido num pão australiano artesanal. Em tempos de burguer-gourmet, o preço é um afago: o sanduba de respeito sai a R$ 18, e tem ainda uma opção sem queijo, servida no pão de brioche, e a versão vegetariana - ou "leve", como foi chamada -, que combina abobrinha grelhada com pesto de manjericão, tomate seco e rúcula num pão integral (R$ 16). Mas independente da pedida, uma unanimidade: as Fritas Levante! Batata frita de verdade - cortada e frita na hora - carregada no alecrim (R$ 10). Essa é aquela que eu já chego pedindo junto com a cerveja, antes mesmo da "larica" bater. "A vontade é de criar dez sanduíches, mas quanto mais receitas, mais risco de perda, mais custo. Então pensamos em algo enxuto e consequentemente acessível", explica. Entre os doces, além do tiramisu (R$15), é possível pedir uma torta de chocolate meio amargo na massa crocante ou optar por picolés. Ou ainda pelos milk shakes de chocolate ou frutas vermelhas, ambos preparados com sorvete da casa. A ideia é que este "levante" gastronômico se expanda, e Thiago adiantou que novas receitas pipocam por ali semanalmente. Quem for conferir os próximos shows no Circo pode, inclusive, procurar pelo caldo de batata com açafrão - "não da terra que só colore! O da orquídea, que saboriza de verdade" - e farofinha de calabresa com azeite de manjericão. Ou ainda pelo brigadeiro de copinho que tem sido sucesso nos fins de noite. Na dúvida, vá até a cozinha e troque uma ideia com o Aylton, do Refeitório RJ, na Lapa, que toca a cozinha com Thiago. (por MARIANA BROITMAN)