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Ambiente acolhedor e cozinha afetiva italiana: conheça o Grado
Por Antonia Leite Barbosa | Publicado em 20 de outubro de 2017
Recém-chegado ao Jardim Botânico, o restaurante Grado é um verdadeiro refúgio na pacata Rua Visconde de Carandaí. A pinta de "achado" tem motivo. Apesar da esquina fervida com a Rua Lopes Quintas, que traz boas pedidas como o Lorenzo Bistrô e o Venga de um lado, e do Puro na direção da Pacheco Leão, o ritmo vai diminuindo quando você ruma para o centro, onde está o primeiro restaurante do chef ítalo-carioca Nello Garaventa. Com mais de 20 anos de cozinha - que se iniciaram com Danio Braga na Serra Fluminense, e conta com passagens por cozinhas Michelin na Itália e outras aclamadas por aqui, como Fasano Al Mare e Cipriani -, o chef se encontrou mesmo na charmosa casa dos anos 40. A varanda arborizada, ganhou até céu estrelado particular. Mesmo nos dias chuvosos. Tudo efeito da delicada luminária escolhida pela esposa de Nello, a arquiteta Lara. É amor à primeira vista. Aliás, também à "segunda" vista. É dela todo o projeto da trattoria, que já na entrada põe o chef e sua equipe para receber os clientes, na mais simpática cozinha aberta da cidade. Pelos dois andares do casarão, discos, fotografias e objetos da família Garaventa dão personalidade ao espaço, te convidando a se sentir parte daquilo. Inclusive, o nome curioso é uma homenagem à cidade onde ainda reside a família. A luz baixa torna o espaço convidativo aos casais, mas mesas grandes também recebem famílias inteiras com muita informalidade. Enxuto e certeiro, o cardápio do Grado exalta clássicos italianos como o spaghetti a alla'matriciana, que é um verdadeiro abraço no estômago, com massa fresca grossinha, pecorino, pancetta e molho de tomate da casa, e ainda receitas menos comuns por aqui, como a entradinha interessante chamada de "peixe sott'olio" - ou conservado no azeite -, que chega à mesa com a farinata de grão de bico e cebola caramelizada, espécie de “pão” típico da Liguria (R$ 28). Aliás, o capítulo inicial é uma verdadeira viagem pelas referências do chef, que empresta sua assinatura - e sua carioquice -, à outras receitas já conhecidas. Entre as delícias que, definitivamente não podem ser ignoradas, estão os croquetes de leitão e a polenta mole com cogumelos e parmesão. Na minha primeira visita, foram umas três. De cada. A ala dos principais também te faz planejar muitas "voltas" ao Grado. Em suas receitas, ingredientes simples são apresentados em sua melhor forma. As massas preparadas na casa, por exemplo, aparecem em versões como o delicioso agnolotti de javali cacio e pepe (R$ 57), e o levíssimo ravioli tem recheio de berinjela grelhada na brasa, com mussarela de búfala, tomate e manjericão (R$ 43). O peixe do dia, preparado inteiro na lenha, é outro feito notável (R$ 74). O imóvel que já pertenceu ao produtor José Padilha e esteve fechado pelos últimos sete anos, rendeu um embate com a vizinhança, que questiona a construção do estabelecimento na área considerada residencial. Torcemos para que haja um meio termo. Tudo dando certo, o Grado terá como girl next door a chef Roberta Sudbrack. GRADO Rua Visconde de Carandaí, 31, Jardim Botânico Tel.: (21) 3253-3101 Ter. a sex., das 19h às 23h; sáb., das 12h30 às 16h30 e das 19h às 23h30; dom., das 12h30 às 17h