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Armazém da Utopia terá teatro com arquibancada retrátil e novas áreas

Por Alessandra Carneiro | Publicado em 25 de junho de 2024

Há um ano em obras, o armazém 6, de 3.300 m² no Armazém da Utopia será reinaugurado neste sábado, 29, com a presença do Prefeito Eduardo Paes, da Ministra da Cultura, Margareth Menezes, de autoridades, parlamentares e aberto ao público. No total, foram investidos R$ 36 milhões para a reforma (R$ 12 milhões com financiamento pelo BNDES, R$ 10 milhões da Shell e R$ 10 milhões do Instituto Vale, além de apoios das empresas MRS Logística, Multiterminais e Universidade Estácio de Sá/Instituto Yducs).

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Em agosto, a reinauguração do espaço se completa com a conclusão da obra no galpão anexo, de 1.750 m2, onde ficará o Teatro Vianinha (em homenagem ao dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho), um dos palcos dos espetáculos da Ensaio Aberto e de companhias visitantes. Será um teatro multiuso para 300 pessoas na menor configuração e 500 na maior. Com o fim da obra, a área construída do armazém e do seu galpão anexo aumenta quase 50%, passando de 5.050 m² para 7.417 m².

O teatro terá um sistema retrátil de arquibancada, importado de Londres. Dependendo da configuração do palco – italiano ou em formato de arena, por exemplo –, a arquibancada pode se transformar em menos de cinco minutos. A estreia será marcada pelo espetáculo “O banquete”, obra derradeira de Mário de Andrade – e não-acabada devido à sua morte em 1945 – na qual o protagonista, Janjão, um compositor pobre, tem diálogos críticos de raiz social sobre a eurocentrização da arte, sobre a alta sociedade paulistana e a vida cultural da cidade nos anos 1920, época do movimento modernista. A peça será uma montagem da Companhia Ensaio Aberto, responsável pela administração do espaço.

Outros três espetáculos estão previstos para estrear ao longo do período de um ano: o monólogo “Palavras” é inspirado no universo da obra de Clarice Lispector; A Exceção e a Regra”, de Bertolt Brecht; e “Olga”, um espetáculo-documentário escrito e dirigido por Luiz Fernando Lobo sobre Olga Benario Prestes, assassinada pelo nazismo após ser entregue pelo presidente Getúlio Vargas durante a ditadura do Estado Novo.

Além do Vianinha, haverá outros espaços no anexo do armazém, no segundo e terceiro andares, que antes da obra não existiam. Entre eles, a Sala Sérgio Britto, com 220 m² – um espaço multiuso para novos espetáculos e performances teatrais –, a sala de ensaio João da Neves com 109 m², a sala de estudo Leandro Konder, laboratórios de corpo, de figurino, de objetos de cena, de iluminação e de cenografia, salas de produção, de acervo técnico e artístico, três camarins – o maior deles para 45 pessoas –, o espaço de convivência Aderbal, em memória do companheiro e diretor Aderbal Freire Filho, para elenco e técnicos, a copa-cozinha Adélia Lázari, sete apartamentos para artistas e técnicos visitantes, almoxarifado, lavanderia, sanitários e vestiários para os cerca de 70 trabalhadores do armazém – hoje são 45, mas o número vai subir.

Marco fundador da cidade que recebeu o maior número de pessoas escravizadas do mundo, a Zona Portuária tinha um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano do Rio de Janeiro em 2010. Foi naquele ano e cenário que a Companhia Ensaio Aberto acreditou em um sonho: transformar em sua casa-sede o então degradado Armazém 6 e seu galpão anexo, na Avenida Rodrigues Alves.

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