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Bip Bip celebra 50 anos com shows e muita história para contar
Por Alessandra Carneiro | Publicado em 5 de julho de 2018
"Na mesa só podem se sentar músicos consagrados, jornalistas e presos políticos". Uma das máximas de Alfredo - Alfredinho para os frequentadores e Chiquinho para os íntimos - poderia ser apenas uma frase de efeito de bar, não fosse pela história por trás do Bip Bip. E para comemorar o meio século de vida da casa - e os 75 anos de Alfredinho -, a festa começa neste sábado, dia 7, com um show dos músicos residentes e participação de Teresa Cristina na Sala Baden Powell, em Copacabana. No segundo semestre, ainda será lançada a terceira edição do livro "Bip Bip, um bar a serviço da alegria", de Chico Genu, Luis Pimentel e Marceu Vieira, com novas crônicas escritas por frequentadores. Afinal, até a data oficial do aniversário, muita comemoração ainda está por vir. Há quase 50 anos, no dia 13 de dezembro de 1968, o boteco reduto de memoráveis rodas musicais abriu as portas em Copacabana. Também foi no dia 13 de dezembro de 1968 que o Brasil sofreu o duro golpe do AI-5, durante o governo do general Costa e Silva. Dois opostos, por assim dizer. Politicamente, o país vivia os anos de chumbo. Mas ali, naquele cubículo da Rua Almirante Gonçalves, nascia um abrigo para noites regadas a bate-papos informais - de política a futebol, ou o que mais der na telha - e rodas de músicas despretensiosas. Alfredinho, nessa época, ainda não estava à frente do diminuto bar, fato que só se consumou em 1984. E todo o clima carioca descrito por Ana de Hollanda no livro "Bip Bip 40 anos - Histórias de um bar" ficou ainda mais evidente: informalidade, cerveja e boa música. "Absolutamente nada, além disso tudo, se encontra lá". Com Alfredinho no comando, o bar foi ficando cada vez mais a cara do dono. Virou ponto de encontro para ouvir bom samba e choro, participar de debates políticos, lançamentos de livros, resenhas de futebol e ganhou um lado social bem forte. O que começou com uma parceria com Betinho se estende até hoje, 21 anos após a morte do sociólogo. Distribuição de cestas básicas, apoio a projetos sociais como o "Se essa rua fosse minha" e o já tradicional almoço de Natal para a população carente são alguns dos exemplos. Ainda faltam alguns meses para o aniversário oficial do botequim, mas a festa, como é a cara do Bip, nunca tem hora para começar, nem acabar. É chegar, conseguir uma cerveja gelada e conquistar seu espaço (muito provavelmente em pé e na calçada). Desconforto? Que nada! É a pura essência da carioquice de boteco. E como resumiu o jornalista André Luís Câmara em seu texto sobre a casa, "é o lugar onde a noite parece gostar da gente". SHOW BIP BIP 50 ANOS Rodas de samba, choro e bossa nova com participação de Teresa Cristina Sala Baden Powell (Av N. Sra. de Copacabana 360, Copacabana) Sábado, 7 de julho às 20h R$ 30 à venda no local BIP BIP R. Alm. Gonçalves 50, Loja D, Copacabana Foto em destaque: Paulo César Figueiredo