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Ferreira Gullar: “O Rio é, hoje, uma cidade sem lei”

Por Agenda Carioca | Publicado em 24 de novembro de 2015

Ferreira Gullar dedicou a coluna semanal do dia 22 de novembro na Folha de São Paulo para falar sobre o Rio. No dia, ele descarregou sua indignação com a pouca eficiência das leis na Cidade Maravilhosa. Na Veja, Rodrigo Constantino reforçou e foi além, dizendo que a cidade se divide hoje entre os "malandros", que desrespeitam as regras sociais, e "caretas", que exigem vê-las em ação. Ou apenas tentam segui-las. Achei a reflexão interessante e decidi plantá-la por aqui. "Viver no Rio de Janeiro não está fácil. Sei de várias pessoas que, embora adorando a cidade, resolveram ir embora. As razões são muitas, desde a insegurança, que cada vez mais atemoriza as pessoas, até o caos urbano, que vai se impondo em quase todos os bairros. As causas dessa situação certamente são várias, mas, dentre elas, a que nos parece ser a principal é o total desrespeito às normas do convívio social e que se manifesta a todo momento e em todos os lugares. A permissividade se instalou no comportamento de considerável parte da população carioca, a tal ponto que, se alguém se atreve a reclamar, estará sujeito a represálias. Quem se comporta conforme as normas sociais é considerado "careta". Como se sabe, as normas sociais foram criadas para permitir o convívio pacífico das pessoas. Graças a elas, cada indivíduo é educado para saber o que lhe é permitido fazer e o que não lhe é permitido, ou seja, o meu direito termina onde começa o direito do outro. Sim, mas não é assim no Rio. Aqui o dono de um boteco de uma porta só ocupa a calçada em frente com cadeiras e mesas para servir bebidas alcoólicas a dezenas de pessoas. Põe sobre sua porta um aparelho de televisão que transmite os jogos de futebol pela noite adentro, sendo que, a cada gol, aquela torcida berra. Mas e a família que mora no primeiro andar, em cima do boteco? Não pode ver a novela, não pode ouvir música e não vai poder dormir tão cedo. Pergunto: a lei permite isso?" Antes que você pense duas vezes, a lei não permite, como Gullar conclui no resto do texto que você lê no site da Folha. Estímulos olímpicos à parte, já passa da hora da nossa Cidade do Futuro amadurecer, e para isso, só mesmo encarando de frente os erros do presente. Faço aqui um mea culpa, vezes sou careta e outras, malandra. Tenho fama de chata por militar contra o atendimento e serviços medíocres e defendo com unhas e dentes a ocupação do espaço público. Mas confesso que sou do time da madrugada e, faladeira que sou, só mesmo ameaçando chamar a polícia para me fazer baixar o tom depois de uns goles. Digamos que o puxão de orelha veio à calhar. (via MARIANA BROITMAN) 

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