Carroussel, Comer & Beber, Programe-se
Shake Rio: happy hour anima as quintas-feiras na escola de drinques
Por Antonia Leite Barbosa | Publicado em 30 de agosto de 2017
Luz baixa, jazz ambiente, vista para os arranha-céus do Centro e um Negroni perfeitamente executado no balcão. Se a sua mente te levou a São Paulo, ou viajou mais longe e foi parar em Nova York, pode voltar os pés ao chão. A cena quase nostálgica segue vivíssima na Shake Rio. Responsável por formar os profissionais por trás dos balcões mais badalados da cidade, a escola de drinques fundada pelo bartender uruguaio Walter Garin oficializou o happy hour de quinta-feira que já acontecia entre os alunos: os cariocas entusiastas de misturas bem executadas são bem vindos para o brinde. Instalado no 17 andar de um antigo edifício comercial no Centro do Rio, a Shake mantém a aura dos speakeasies dos anos 1920, quando a Lei Seca norte-americana "obrigava" os apreciadores de bebidas alcóolicas a recorrerem a bares secretos com senhas à porta. Na escola-bar carioca, o cliente não precisa exatamente de uma senha, mas a mesma aura clandestina dá o tom. O ambiente se camufla entre escritórios e empresas, e é preciso reserva para garantir um dos 12 lugares disponíveis. O pré-requisito também é o mesmo: basta chegar com sede. Entusiasta da coquetelaria tradicional, Walter criou uma carta que a princípio pode parecer enxuta, mas te guiará num mergulho no universo da mixologia. Nele, o centenário Aviation, combinação de gin, Maraschino, limão e creme de violeta que é hit nos balcões americanos, é destaque junto com o brasileiríssimo Rabo de Galo, que tem base de cachaça e, à moda Shake, é preparado com bitter de laranja e vermute da casa, e finalizado com o clássico gelo redondo, esculpido manualmente pelo bartender. Independente da receita, todos os coqueteis custam R$ 25, e releituras primorosas também são notícia na carta que simula um jornal da época proibida. O Martinez, coquetel que é considerado o "avô" do Martini, virou o meu novo drinque preferido na versão Shake: à base de gin e vermute Bianco, tem xarope de lavanda, Maraschino, RuiBarb Bitter e, para fechar, borrifadas de Arack. Mas não hesite em pedir algo que já tenha visto por aí. Com apenas uma pista o professor te apresentará uma saída adequada ao seu paladar. O que pode significar um clássico do início do século, ou uma receita criada na hora. "Este é o meu laboratório", brinca Walter, que põe para jogo verdadeiras preciosidades garimpadas em viagens ou presenteadas por clientes e alunos que gostam de ver o alquimista em ação. Pelas prateleiras, bitters preparados pelos alunos dividem espaço com destilados vindos de todo o mundo. Do delicioso rum venezuelano Diplomático a rótulos russos indecifráveis, tem até uma vodka de cannabis."Presente de aluno, vai entender", conta. E a prova da intensa troca dos dois lados do balcão vem sob a forma de drinque, no caso, o mais pedido da Shake, que carrega o nome de uma cliente. À base de gin, o RafaMon Shine tem base de gin e combina shrub de abacaxi, tônica, bitter de limão e uma criativa "terra" de azeitona, que forma uma crosta na taça. "Ela entra para abrir as papilas gustativas, preparando cliente para o que está por vir", explica.