Arte & Cultura
ArtRua chega à sexta edição celebrando a arte urbana com exposições e festas
Por Antonia Leite Barbosa | Publicado em 27 de setembro de 2016
Enquanto a ArtRio, maior feira de arte da América Latina, pisa no freio diante da crise, o ArtRua chega a sua sexta edição ocupando novos espaços da Região Portuária, mostrando que agora é a vez da rua. Desde 2011 no calendário cultural carioca, o festival de arte urbana oficial da Semana de Arte do Rio foi um dos eventos pioneiros em apostar na revitalização da Zona Portuária – em cinco edições, levou mais de 146 mil visitantes à Gamboa e à Saúde. Este ano, entra na rota do VLT, chega a Santo Cristo e dobra de tamanho. “O trecho da Praça Mauá, Rodrigues Alves e Orla Conde já está consagrado no roteiro dos cariocas, então decidimos mudar de local para ocupar mais territórios na região, tanto com frequentadores quanto novos painéis de arte, que ficarão de legado. O projeto de revitalização da área não pode ficar restrito àquela parte”, comenta André Bretas, idealizador e curador do Art Rua junto com Cristiano Kana. No novo galpão de 7.500 metros quadrados, estarão obras de dez galerias, shows e festas. E, claro, tudo gratuito. A organização selecionou vinte nomes que irão pintar painéis e criar instalações exclusivas para o ArtRua. O foco da vez está no conteúdo regional, com destaque para artistas do Norte e Nordeste do Brasil. Entre eles vem o parioca - paraense + carioca - Sebá Tapajós, criador do projeto Street River, a primeira galeria fluvial do mundo. Acompanhado de grafiteiros convidados, pintou casas de ribeirinhos que moram nas comunidades do Combu, na região das ilhas da capital paraense. O projeto foi uma homenagem aos 400 anos de Belém, e levou a arte de rua para quem vivia do outro lado da cidade, celebrando a cultura dos povos da mata, os caboclos, descendentes de índios e quilombolas. Para o festival, ele irá criar uma instalação inspirada no projeto. Além de Sebá, participam da iniciativa os artistas Fael Primeiro, da Bahia, vem o carioca Kajaman, o paulista Mundano, do Distrito Federal, vem Toys e Omik, e, representando o Ceará, vem a dupla do casal Tereza Dequinta e Robézio Marqs, do Acidum Project. De Olinda, Pernambuco, Bozó Bacamarte tem na xilogravura popular sua identidade visual. O povo nordestino é tema recorrente no trabalho do artista, que irá fazer um painel interno com esta temática. Já a paulistana Luna Buschinelli, artista apadrinhada pela dupla OSGEMEOS, apresenta em seu repertório personagens regionais, como cangaceiros, violeiros, entre outros. Compõe o time, os artistas Boleta (SP), Carlos Bobi (RJ), Enivo (SP), Erica Mizutani (SP), Felipe Guga (RJ), Flip (SP), Kajaman (RJ), Marcelo Tche (SP), Ninguém Dormi (SP), Prozak (SP), Rafael Hayashi (SP), Rafael Sliks (SP), Roberto Bieto (SP) e Thiago Goms (SP). Nas últimas duas edições, o Mercado Rua movimentou quase um milhão de reais.Outra novidade é a programação paralela do evento. Na sexta, 30, acontece a abertura oficial do Rua City Lab, um laboratório de experimentações urbanas idealizado pela Visionartz em parceria com o Distrito Criativo do Porto. O espaço, que já fincou suas raízes na Zona Portuária é um espaço permanente focado em economia criativa e colaborativa, que oferece coworking, formação e capacitação, eventos e galeria de arte. Durante a Semana de Arte do Rio, o diretor do Distrito Criativo do Porto, Daniel Kraichete, conta que a programação ganha reforço de palestras e workshops gratuitos, sempre das 14h às 16h, sobre design, inovação e ocupação do espaço urbano. "Seremos um espaço integrado ao ArtRua, com wifi, café e programação própria. Quando o evento terminar, continuaremos abertos diariamente. Na semana seguinte ainda começa nosso happy-hour semanal”, conta. Lá, acontecerá a exposição Somos todos imigrantes, de William Baglione, além de programação musical com DJs, loja de design, banca de zines e publicações independentes de arte. (por MARIANA BROITMAN fotos JOÃO BOSCO DE ALMEIDA)