A nova edição da Carandaí 25 promete fazer marulho. Isso mesmo, marulho — e não, não é erro de digitação. O nome vem do projeto Marulho, uma das atrações do festival de moda autoral que acontece entre os dias 7 e 10 de maio, no Jockey Club Brasileiro, no Rio de Janeiro. A iniciativa transforma redes de pesca descartadas no mar em acessórios sustentáveis e cheios de propósito.

Fundada pelos oceanógrafos Beatriz Mattiuzzo e Lucas Gonçalves, a Marulho nasceu em 2019 na comunidade de Matariz, em Ilha Grande (RJ), e hoje é um dos projetos socioambientais que já receberam o apoio da PRIO via TAC Frade,. “Criamos a Marulho em 2019, mas foi durante a pandemia, em 2020, que conseguimos nosso primeiro apoio”, conta Bia, que também é instrutora de mergulho.

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Foi nesse mesmo período que nasceu o Caiu na Rede, braço do projeto focado na capacitação das comunidades caiçaras da região. A partir dele, pescadores e moradores locais aprenderam a transformar redes abandonadas em produtos com valor de mercado — e, com isso, gerar renda. De lá para cá, a Marulho cresceu. “Começamos com quatro pescadores. Hoje, somos 22 pessoas diretamente envolvidas, entre redeiros e costureiras”, diz Bia. Entre os itens produzidos estão bolsas, chapéus, sandálias rasteiras, pochetes e sacolas reutilizáveis.

O impacto ambiental do projeto é significativo: desde 2020, mais de 8 toneladas de redes de pesca foram retiradas do mar, o equivalente a cerca de um milhão de animais marinhos salvos. A chamada pesca fantasma — quando redes abandonadas continuam capturando e matando espécies marinhas — segue sendo um grande desafio. “Essas redes não escolhem suas vítimas. Pequenos crustáceos, tartarugas, golfinhos… até baleias acabam presos nelas”, explica Bia. Um caso recente que ilustra essa tragédia foi o resgate de uma baleia-jubarte em Santa Catarina, em 2024, exausta e enredada em 60 metros de rede descartada.

A Marulho foi apoiada pelo TAC Frade, iniciativa que cumpre o Termo de Ajustamento de Conduta firmado em 2013 com a antiga operadora após o vazamento de óleo no Campo de Frade, em 2011. Quando a PRIO adquiriu o campo em 2019, assumiu também o compromisso de continuar os investimentos sociais e ambientais estabelecidos. “Muitos dos projetos do TAC Frade receberam da PRIO seu primeiro apoio financeiro. Nosso objetivo é deixar um legado real para as comunidades atendidas, e criar modelos replicáveis em outras regiões”, explica Aline Almeida, Coordenadora de Meio Ambiente da PRIO. Até hoje, cerca de 150 projetos foram apoiados ao longo da costa fluminense, com 70 ainda em andamento.

Nesta edição da Carandaí 25, os visitantes poderão conhecer e adquirir os produtos da Marulho, reforçando a conexão entre moda, sustentabilidade e impacto social. O festival conta com o patrocínio da plataforma I ❤️ PRIO, que apoia eventos alinhados ao propósito social da companhia. “Queremos ir além do patrocínio tradicional. Acreditamos em promover uma transformação real”, afirma Olivia Stewart Richardson, Head de Comunicação e Marketing da PRIO.

Na edição anterior, a empresa já havia levado ao evento o Instituto Dona de Si, projeto de empoderamento feminino criado pela atriz Suzana Pires, que oferece formação e apoio a mulheres em situação de vulnerabilidade. “Existe o B2B, o B2C, mas o que buscamos fazer é o B2Human, pois queremos construir relações com as pessoas, construir uma marca que faça a diferença, que deixe um legado”, conclui Olívia.

De redes abandonadas a acessórios desejados, de comunidades esquecidas a agentes de mudança: a Marulho mostra que quando se navega com propósito, até o mar devolve em forma de beleza e vida. E é esse marulho — suave, mas poderoso — que queremos celebrar.