Arte & Cultura, Fim de semana, Programe-se
Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá tocam álbuns clássicos da Legião Urbana em show no Rio
Por Alessandra Carneiro | Publicado em 14 de setembro de 2018
Dois álbuns que marcaram uma geração - e com hits entoados por todas as outras que vieram a seguir - ganharam uma turnê de comemoração pelos seus 30 anos. Os badalados "Dois" e "Que País é Este", da Legião Urbana, são celebrados em um show que une Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, integrantes originais da banda, e André Frateschi, que assume os vocais. A turnê, que vai seguir até abril de 2019, chega ao Rio de Janeiro neste sábado, dia 15, para um show no Km de Vantagens Hall, na Barra.
Voltemos um pouco no tempo, para 1986. Era o ano do lançamento do Plano Cruzado, da tragédia de Chernobyl, da explosão do ônibus espacial Challenger matando seus sete tripulantes, da argentina campeã com gol de mão de Maradona. Na TV, as famílias suspiravam com o amor de Lurdinha e Marcos em "Anos Dourados", minissérie de Gilberto Braga; e nas rádios e nas vitrolas, o rock fazia a cabeça dos jovens. E foi um baita ano para o rock nacional. Teve o lançamento do "Rádio Pirata Ao Vivo", do RPM; do "Cabeça Dinossauro", dos Titãs, e do "Dois", o esperado segundo álbum da Legião Urbana. Da gravação, o guitarrista Dado Villa-Lobos lembra da insegurança tão típica da juventude. "Talvez o Renato tivesse uma noção mais concreta, mas nós éramos um pouco inseguros e não sabíamos exatamente o que estávamos fazendo". Renato Russo planejou com detalhe este segundo álbum e, antes de começar a gravar, entregou a Dado uma fita cassete com grandes nomes tocando violão, que deu base para canções quase acústicas como Quase Sem Querer, Eduardo e Mônica e o final de Tempo Perdido. Ao mesmo tempo, muitas decisões eram tomadas conforme as gravações fossem acontecendo. É o caso da música Índios, que era para ser apenas instrumental. "Já estavam mixando quando o Renato chegou com a letra, cantou e você vê que a música termina e a letra quase não encaixa, aí termina o disco daquele jeito", lembra Dado. Os anos 1980 eram extremamente promissores para o rock nacional mas, ao mesmo tempo em que surgiam novas bandas, outras tantas desapareciam após o segundo lançamento. Soma-se a isso as incertezas na economia com a inflação galopante e o cenário político do país após o fim da ditadura militar e da morte de Tancredo Neves. "Era um momento desafiador, de muita cobrança e expectativa. A gente estava em um processo de mudança de Brasília para o Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que fazíamos shows no interior, levando uma vida desregrada demais, para ainda termos que ir para a gravadora e compor. Foi uma fase complicada, mas isso tudo fez com que colocássemos uma lente de aumento neste trabalho e saíram coisas belíssimas", explica o baterista Bonfá.