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Festival Circuladô leva música aos velhos coretos da cidade
Por Antonia Leite Barbosa | Publicado em 9 de novembro de 2016

Já faz um tempo que a moda das festas na rua pegou no Rio, e para os adeptos dessa onda, a dica é se juntar ao novíssimo Festival Circuladô. Com a ideia de resgatar a poesia que resistem nos belos coretos nas praças cariocas, a produtora Julianna Sá fez um mapeamento, digamos, afetivo, e vai arrastar o público com ela por nada menos que dez coretos do Centro, Zona Norte e Zona Oeste do Rio. E para "arejar" de vez a poeira dos velhos palquinhos, ela convocou um time de novos nomes da cena musical carioca como Alvaro Lancelloti, Letuce, Mãeana, Mahmundi, Mohandas, Pietá e Qinho.
A ideia agora é justamente resgatar o uso inicial desses coretos - hoje, em sua maioria ociosos -, mas renovando sua vocação musical. Se desde seu surgimento, os espaços serviram de palco para fanfarras, chorinhos e outras manifestações musicais tradicionais, a curadoria do projeto aponta em outra direção, levando representantes da produção contemporânea carioca.
Neste sábado a partir das 15h, a cantora Mahmundi, hoje vivendo em São Paulo, volta à casa para subir ao coreto de Marechal Hermes. Pela frente, ainda tem a banda Pietá tocando sua mistura regional-contemporânea ao lado da icônica Feira de São Cristóvão - onde diga-se de passagem, está o coreto da foto, o maior da cidade -, e Letuce, que desde o ano passado não se apresenta com a formação completa, vai fazer os cariocas encararem a barca para ver a reunião no bucólico coreto de Paquetá.
O Festival surgiu do incômodo da produtora Julianna Sá com a centralização do circuito musical que se consolidou na cidade. Idealizado ainda em 2014, o projeto acompanhou o fortalecimento de iniciativas cidade adentro até sair do papel. A Praça São Salvador, por exemplo, virou ícone para além dos moradores de Laranjeiras, enquanto a Praça da Harmonia na Gamboa, viu seu movimento voltar com força graças ao incentivo do bloco Prata Preta e à revitalização da Zona Portuária. Festas descoladas como a MOO e a feira O Cluster já armaram edições por ali, promovendo a primeira experiência de uma geração de jovens que definitivamente não conviveu com o tempo áureo das praças cariocas. Bem como a Ilha de Paquetá com seus carnavais e festas juninas.
A ideia agora é focar nos artistas surgidos pós anos 2000, hoje com dois, ou três discos lançados, ou outros surgidos num cenário mais recente, mas já com impacto nacional. Muitos dos que tem relativo sucesso fora do Rio, tocando em festivais renomados pelo país, jamais tocaram em bairros próximos ao Centro, como São Cristóvão, Méier, Quintino, tampouco em outros mais afastados, como Sepetiba - e não por falta de vontade. Dá só uma olhada na programação completa e vambora circular! (por MARIANA BROITMAN)