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Setembro Amarelo: estudo revela quais exercícios físicos são mais eficazes no tratamento da depressão
Por Simone Saltiel | Publicado em 24 de setembro de 2024
A depressão é uma das principais causas de incapacidade no mundo, afetando profundamente aspectos como alimentação, sono e a rotina diária. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), apesar da existência de diversos tratamentos eficazes, menos da metade das pessoas que sofrem da doença recebe o tratamento adequado. Durante o Setembro Amarelo, que busca conscientizar a população sobre a saúde mental e a prevenção ao suicídio, é crucial destacar o papel complementar dos exercícios físicos no tratamento da depressão, ao lado de medicamentos e psicoterapia.
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Em países como Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, a atividade física já é recomendada como parte do tratamento para a depressão. No entanto, ainda faltam diretrizes claras sobre a intensidade ou o tipo de exercício que deve ser praticado. Para suprir essa lacuna, uma equipe internacional de pesquisadores comparou diferentes modalidades de exercícios com tratamentos convencionais, como psicoterapia, antidepressivos e cuidados habituais. O estudo, publicado no British Medical Journal (BMJ), envolveu 14.170 participantes e concluiu que atividades como caminhada, corrida, yoga e treinamento de força são mais eficazes no combate à depressão. Além disso, os efeitos dos exercícios estão diretamente relacionados à intensidade prescrita.
O diretor técnico da academia Bodytech, Dudu Netto, explica que os exercícios mencionados no estudo dividem alguns pontos em comum importantes no combate à depressão, como a liberação de endorfina, aumento da percepção de autoeficácia e a diminuição dos níveis de estresse.
"Realizar atividades físicas, especialmente de forma consistente, com progressão e metas alcançáveis, aumenta a sensação de controle e competência, o que é fundamental e de extrema importância para a autoestima e bem-estar psicológico.", afirma Dudu.
Os resultados do estudo foram eficazes para pessoas com diferentes níveis de depressão, mas variaram conforme sexo e idade. Entre as mulheres, o ciclismo e o treinamento de força demonstraram maior impacto, enquanto, para os homens, modalidades como yoga, tai chi e exercícios aeróbicos associados à psicoterapia mostraram-se mais eficazes. Nos participantes mais velhos, yoga e exercícios aeróbicos tiveram melhores resultados, ao passo que, entre os mais jovens, o treinamento de força foi mais benéfico. Para Dudu Netto, as preferências na academia também mudam de acordo com o gênero. "O público masculino prefere musculação, cross training e corrida; já as mulheres apostam, além da musculação na yoga e localizada. Em academias completas, como as da Bodytech, a variedade de modalidades de exercício permite atender aos diferentes tipos de atividades citadas no estudo. "Entre elas, destaco diferentes tipos de yoga, como hatha e vinyasa, complementando atividades de força, como musculação, cross training e localizada".
Ao definir a modalidade, a intensidade e a frequência dos exercícios a serem praticados, é crucial contar com a orientação de um profissional. A depressão, com suas múltiplas causas – genéticas, bioquímicas, psicológicas, familiares e ambientais – requer abordagens variadas para o tratamento. Nesse contexto, a atividade física desempenha um papel importante na promoção da saúde mental, além de trazer benefícios físicos e cognitivos significativos.
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo ainda encontraram evidências de que o exercício aumenta os efeitos de medicamentos antidepressivos do tipo Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS), sendo, portanto, poderoso aliado de tratamentos convencionais como a farmacoterapia.
A Dra. Ana Lúcia Fraga, psicóloga clínica/hospitalar, explica que a atividade física não substitui o tratamento médico ou psicoterapia, mas é sim uma aliada positiva para casos de depressão e saúde mental no geral.
"Apesar de os antidepressivos serem peça fundamental no tratamento da depressão, a maioria dos pacientes continua tendo sintomas depois do início do tratamento. O objetivo atual do tratamento não é apenas reduzir os sintomas, mas ajudar a pessoa voltar a uma vida funcional. A atividade física influencia positivamente na saúde física e mental.", afirma a psicóloga.
Crianças também precisam de cuidados mentais e exercícios físicos
Dados do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) revelam que 36% de crianças e adolescentes sofrem com ansiedade e depressão. A mente em crescimento requer tanto cuidado quanto o corpo em formação, e os benefícios a longo prazo são inestimáveis. "Desde cedo, as crianças enfrentam pressões acadêmicas, sociais e familiares. A promoção da saúde mental, nesse contexto, não é apenas uma necessidade, mas uma responsabilidade compartilhada por pais, educadores e comunidade", explica a pediatra e neonatologista Danielle Negri. "Ao fornecer ferramentas para gerenciar o estresse, expressar emoções e construir relacionamentos saudáveis, estamos moldando adultos futuros capazes de lidar com as complexidades da vida", conclui.