Vestígios da Paisagem Carioca

Um lado desconhecido do Rio invade as páginas do  livro “Vestígios da Paisagem Carioca”, da Editora Mauad. A obra, de Isabela Mota e Patrícia Pamplona, revela ao público curiosidades e fatos de mais de 50 lugares que desapareceram da cidade, entre teatros, restaurantes, fábricas, espaços ao ar livre, além de hábitos culturais, como concursos de fantasias marítimas e vida boêmia. Entre as curiosidades, as pesquisadoras contam a história do Teatro Madureira, inaugurado no auge do teatro de revista, em 1952;  e do Chapéu do Sol – uma construção de ferro que servia de mirante e era destino certo de grã-finos para animados piqueniques no melhor estilo francês, que ocupava o Corcovado antes do Cristo Redentor. Para contar essas e outras tantas histórias, o livro traz em 488 páginas imagens raras, textos de pesquisa e relatos.

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A Isca

“Não fiquei assustado ou desesperado. Foi matemático, como um mais um é igual a dois. Tive certeza de que iria morrer. Seria rápido e sem sofrimento. O tubarão veio de baixo para cima, do fundo do oceano, e abocanhou minha perna, segurando-a com seus dentes e rasgando minha pele." O trecho relata o ataque de tubarão sofrido por João Pedro Portinari Leão em 1997, em Búzios. O windsurfista, conhecido hoje como João Tubarão, conta a história tão assustadora quanto emocionante no livro A Isca, lançamento da editora Edite. A autobiografia, que levou dez anos para ser publicada, é um apanhado das histórias da família de João – sobrinho-neto de Cândido Portinari –, que tem uma relação íntima com o mar. Mesmo após o trágico encontro, João não deixou de praticar o esporte e, assim que pôde, voltou à liberdade que apenas o oceano oferecia.

Rua de Dentro

O terceiro lançamento que indicamos, também com uma alma bem carioca, é o livro de contos Rua de Dentro, de Marcelo Moutinho, editado pela Record. Nas 13 histórias, a paisagem do Rio de Janeiro se faz presente seja como um personagem principal ou secundário. A escrita foge dos pontos turísticos, levando o leitor a um mergulho pelas esquinas do subúrbio carioca, narrando encontros e desencontros de homens e mulheres periféricos, que vivem à margem, e amam e sonham e se desiludem, como qualquer um.   Um exemplo: Purpurina, conto ambientado em Oswaldo Cruz que abre o livro, retrata pelos olhos de uma jovem trans, que se divide entre a prostituição e a faculdade de Direito, a vida das travestis da Zona Norte. Ao som de Maria Bethânia, Moutinho apresenta de forma sensível as transformações do corpo, os códigos das ruas e as constantes humilhações dessa parcela da população.